CNA debate erradicação da Peste Suína Clássica no Brasil
Isolda Monteiro
27 de maio de 2021
Para erradicar a Peste Suína Clássica da Zona não livre, especialistas ouvidos pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) afirmam que a cadeia precisa de ações conjuntas entre os setores público e privado e de ações de biosseguridade nas propriedades rurais.
O tema foi debatido na quarta (26), durante live promovida pela CNA, que debateu também as ações do Programa Nacional Brasil Livre de Peste Suína Clássica, que iniciará no próximo dia 31 de maio, com um projeto piloto de vacinação contra a doença em Alagoas. O plano prevê a posterior expansão da vacinação nos demais 10 estados do Norte e Nordeste que compõem a Zona não livre.
“A vacinação só é permitida no estado do Alagoas no momento e é fundamental que todos os produtores busquem a imunização de seus animais o mais rápido possível para que possamos controlar a doença. O produto que será utilizado é seguro e permite o controle efetivo da doença”, afirmou Iuri Machado, presidente da Comissão Nacional de Aves e Suínos da CNA, que fez a moderação do debate.
Michael Lise, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), falou sobre o mercado da carne suína no mercado interno e para exportações e explicou o foco do programa Brasil Livre de Peste Suína Clássica.
“Hoje o Brasil é um dos principais exportadores de carne suína, temos recordes anuais superados, temos uma alta competitividade internacional pela qualidade dos nossos produtos com baixo custo de produção. Com o plano, queremos evitar a reinfecção nas zonas livres, fortalecer as barreiras sanitárias e evitar que a cadeia produtiva seja seriamente afetada”.
Lise citou um estudo da CNA que indica um impacto de R$ 1,3 bilhão a R$ 4,5 bilhões no mercado de carne suína caso haja a reintrodução da doença na zona livre da doença. No entanto, com as ações de vacinação e engajamento do setor para erradicar a doença na zona não livre, a produção continuará crescendo e ganhando visibilidade internacional, ressaltou.
“Em 2020 nosso mercado internacional ultrapassou US$ 2,4 bilhões e as estimativas para esse ano é ultrapassar novamente essa marca atingindo um novo recorde”.
Charli Ludtke, diretora Técnica da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) afirmou que, para enfrentar a doença e erradicá-la, a parceria público-privada é importante.
“Tivemos vários focos na zona não livre nos últimos dois anos e meio, por isso é importante somar esforços do setor público e privado, buscar a reestruturação do serviço veterinário e os produtores, tanto da zona livre quanto não livre, redobrarem os cuidados com a biosseguridade. Com a união entre indústria, setor público e produtores vamos conseguir erradicar essa doença que está presente em 11 estados das regiões Norte e nordeste do País, ou seja, o risco é real.”
Charli destacou que o papel do produtor rural dentro do programa Brasil Livre da Peste Suína Clássica é observar os sinais clínicos dos animais, criar cercas e não deixar os animais soltos porque o vírus acontece no contato entre animais.
“É necessário ações mínimas de biosseguridade como verificar os caminhões que chegam às propriedades, fazer um checklist, ter cuidado com esse transporte. O produtor precisa fazer isso, voltar a vacinar, porque a vacina é uma medida protetiva, rapidamente o animal está protegido. Trabalhando em duas frentes, contenção dos focos e a biosseguridade, vamos conseguir vencer essa doença”.
Para a especialista em Sanidade Agropecuária e Inocuidade dos Alimentos do Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA Brasil), Lucia Maria, as ações nos estados que compõem a zona não livre são “extremamente importantes para proteger o País e trazer segurança alimentar para a população.”
Hoje há quase seis milhões de suínos em mais de 300 mil propriedades na zona não livre da doença, o que determina um benefício social relevante o controle da PSC nesta região.
“Pela primeira vez, governo e setor privado estão unidos em todas as esferas para conter a peste suína clássica. O Brasil está dando um passo para que a produção não tecnificada e de subsistência seja feita com segurança”.