As mais de 300 participantes do Fórum da Liderança Sindical Feminina, realizado na quarta (3), assistiram a painéis sobre o cenário político brasileiro, o fortalecimento da representatividade sindical rural patronal, reflexões sobre o ambiente institucional e o impacto da comunicação para o setor.
O fórum foi organizado pela Comissão Nacional das Mulheres do Agro da CNA e reuniu representantes das 18 Comissões Estaduais das Federações de Agricultura e Pecuária, além de lideranças sindicais rurais femininas de todo o país e representantes da imprensa.
A deputada federal Marussa Boldrin (MDB/GO), participou, juntamente com o presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Pedro Lupion (PP/PR), e a deputada Sílvia Waiãpi (PL/AP), do primeiro painel do fórum sobre o tema “Cenário Político: passado, presente e futuro”.
O painel foi mediado pela presidente da Comissão Nacional das Mulheres do Agro, Stéphanie Ferreira. “Todas as mulheres que estão aqui hoje são mulheres que estão prontas para representar, como produtoras rurais, a sua realidade lá no campo em qualquer lugar. Sabemos que temos que ter mais gente preparada levando a nossa voz”, disse a presidente da Comissão da CNA.
A deputada Marussa contou sua trajetória na política e relatou a sua experiência na Câmara Federal. “Represento uma mulher jovem e do agro no parlamento e posso dizer que muitas barreiras foram superadas em uma trajetória de muitos desafios, mas a força da mulher é insuperável e precisamos aumentar nossa representatividade na política”, disse.
Lupion falou sobre o trabalho desenvolvido pela FPA na defesa dos interesses dos produtores rurais brasileiros. Ele também destacou a representatividade da mulher no meio legislativo e pontuou a importância de as lideranças femininas estarem ainda mais inseridas na política do país.
“Atualmente a FPA conta com a atuação de 40 parlamentares mulheres. Isso já representa metade da representatividade das mulheres do Congresso. Precisamos aumentar ainda mais esse número para que possamos trabalhar juntos pelo Brasil”, destacou.
Durante o debate, a deputada Sílvia emocionou as participantes do fórum relatando sua história de vida. “Relato minha história para que vocês saibam que todas nós podemos fazer mais do que a nossa história conta. Nós podemos muito mais. Eu e vocês somos mulheres do campo e das florestas, que plantam e lutam. Então, continuem lutando”, afirmou.
Representatividade – O segundo painel teve como tema o fortalecimento da representatividade sindical rural patronal. O debate foi mediado pela vice-presidente da Comissão das Mulheres do Agro, Simone de Paula, e reuniu o diretor técnico da CNA, Bruno Lucchi, a diretora de Relações Internacionais da CNA, Sueme Mori, a diretora executiva do Instituto CNA, Mônika Bergamaschi, e a diretora de Educação Profissional e Promoção Social do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), Janete Almeida.
Simone destacou a importância da representatividade das mulheres nos sindicatos rurais e em papéis de liderança. “Como líderes, precisamos saber que a CNA é um filtro para as demandas dos produtores rurais. É importante para nós, produtoras rurais, que saibamos como o Sistema CNA/Senar funciona”, disse na abertura do painel.
Bruno Lucchi apresentou o trabalho realizado pela diretoria técnica. Ele explicou que a Comissão das Mulheres do Agro tem um papel transversal, de representação e de grande relevância para todo o agro. “Esse é o primeiro fórum que realizamos e queremos ir bem mais longe com um trabalho técnico e político para o desenvolvimento de novas lideranças do agro”, afirmou Bruno.
A atuação da CNA nas relações internacionais foi apresentada pela diretora Sueme Mori. “Na área internacional, temos uma divisão de organograma em duas coordenações – de promoção social e de inteligência de mercado e defesa de interesses. Trabalhamos para levar a voz do produtor rural em grandes fóruns de discussões internacionais para mostrar a verdadeira realidade da agropecuária brasileira”, explicou Sueme.
Mônika falou sobre as principais ações e projetos do Instituto CNA, nos eixos da agricultura digital e governança. “Trabalhamos com projetos, pesquisas e um grande foco em inovação. Todos os nossos trabalhos aqui na casa são complementares e precisamos trabalhar juntos quando os objetivos têm as mesmas causas”, disse.
Janete apresentou o trabalho desenvolvido pelo Senar na educação profissional e promoção social. “Costumo dizer que cada propriedade rural é uma sala de aula, então temos 5 milhões de salas de aula. A busca pelas melhores soluções educacionais é contínua e trabalhamos para pensar como isso vai acontecer lá na ponta, qual a funcionalidade que vai resultar no fim do processo em um melhor atendimento para o produtor rural”, enfatizou a diretora do Senar.
Institucional – No período da tarde, as participantes do primeiro Fórum da Liderança Sindical Feminina assistiram ao painel “Reflexões sobre o ambiente institucional”, com a participação da assessora especial da presidência da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Sibelle Silva, da superintendente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Tania Zanella, e da diretora de Administração e Finanças do Sebrae, Margarete Coelho.
O painel foi mediado pela diretora de Relações Institucionais da CNA, Mirian Vaz, que destacou a relevância da inserção das mulheres nos inúmeros ambientes de trabalho.
“Todas as dificuldades podem ser transformadas em força para continuar e não desistir do propósito e nem da missão de vocês. Lá na frente vocês vão entender que todos os desafios e obstáculos foram colocados para preparar para o futuro. Então não desistam e persistam nos objetivos de vocês”, disse a diretora da CNA.
Durante o debate, Sibelle falou sobre o trabalho da Embrapa para o desenvolvimento de trabalhos tecnológicos, de inovação e pesquisa. Sobre a participação das mulheres nesse ambiente de trabalho, ela destacou os desafios.
“Na pesquisa agropecuária existe um ambiente predominantemente masculino. Mas que fique bem claro, não há demérito em relação a gênero. A gente precisa trilhar os caminhos conforme as nossas competências, aquilo que nos inspira, aquilo em que você percebe que é competente. Acredite na capacidade que vocês têm, porque todas temos, e uma sobe e puxa a outra, enxergar as competências femininas ao redor”, disse.
Tania falou sobre o crescimento do cooperativismo no Brasil e da atuação da OCB no setor agropecuário. “O cooperativismo está crescendo, mas precisa ser perene e sustentável”, disse. Sobre a participação das mulheres em posições de lideranças institucionais, ela afirmou que é preciso, entre outras coisas, mostrar capacidade e empatia.
“Precisamos fazer diferente, conquistar, e assim a gente vai avançando. Mas de fato, eu prefiro ressignificar esse sentimento, esse desafio em coisas boas, em coisas positivas, e que de fato possa, eu no meu caso, inspirar outras mulheres também a assumirem essas posições de inspiração”, explicou a presidente da OCB.
Por sua vez, Margarete também falou sobre a atuação do Sebrae e fez um diagnóstico da participação das mulheres no empreendedorismo. “Negócios de mulheres são melhores para as famílias mais inovadores e sustentáveis. Pesquisas mostram que as mulheres têm 60 minutos para elas no dia, muitas nem isso têm, uma loucura. E um espaço como este da CNA, que valoriza as mulheres e reconhece o nosso valor, é muito importante. As instituições têm o compromisso de qualificar as mulheres”, destacou.
Comunicação – Os painéis foram encerrados com um debate sobre os impactos da comunicação, com a presença da analista da Embrapa Alimentos e Territórios, Renata Silva, a jornalista da Forbes e presidente da Rede Brasil de Jornalistas do Agro, Vera Ondei, e a especialista em marketing do Agro, Mônica Zanotto de Arruda.
As painelistas falaram sobre como é possível potencializar o impacto da comunicação no agro. O debate foi mediado pela chefe da Assessoria de Comunicação da CNA, Cecília Kobayashi. “Precisamos refletir em como vamos nos comunicar entre nós e com a sociedade. E o painel conseguiu aprofundar um pouco mais sobre isso”.
Para Renata, cada pessoa que tem um celular na mão e uma rede social é responsável por representar o agro e é preciso saber fazer isso de forma responsável e com conhecimento. Ela contou como foi toda a sua trajetória profissional com o agronegócio e a relação com a comunicação.
“A comunicação é transversal, precisa facilitar o acesso ao conhecimento, precisa incluir outras áreas de conhecimento, a comunicação tem um papel fundamental na inclusão”.
A jornalista Vera Ondei fez um panorama sobre a comunicação na grande imprensa, falou sobre a problemática envolvendo as fake News, os desafios que estão chegando juntamente com a inteligência artificial, e a importância da regulação do uso das mídias sociais. Segundo ela, é preciso ter um ceticismo saudável em relação as notícias. “O agro é um setor muito visado da fake news. Tenham menos pressa em olhar e mais cautela em compartilhar”, disse.
Mônica destacou que a comunicação vem mudando muito ao longo dos anos. “A gente ainda não acordou para o nosso papel, que é sermos comunicadores do agro. É nosso papel porque nos importamos com o que estão falando de nós. Nosso perfil de comunicação é o de compartilhar vivências, experiências. Precisamos mostrar a realidade que temos dentro das nossas propriedades, dos sindicatos e mostrar para a sociedade da cidade como acontece a vida no campo. Esse papel de comunicação é nosso”, disse.
A senadora Jussara Lima (PSD/PI) também esteve presente no evento e falou às lideranças femininas. “São vocês que são as porta-vozes do agro no nosso país. Nós fazemos a diferença, essa é a realidade. Eu me sinto bastante feliz de estar aqui, levando o meu apoio, o meu carinho a todas vocês. Porque eu sei que muitos vieram de lugares bem distantes. O agro é isso, é essa força”.
Oficina – As participantes do Fórum também participaram da “Oficina de Representatividade”, conduzida pelo diretor da Audaz Estratégia, Claudinei Alves. O intuito das dinâmicas realizadas foi inspirar as mulheres a se envolver no movimento encontrando um significado na dedicação do seu tempo, recursos financeiros e esforço.
O evento teve como objetivo ampliar as oportunidades de atuação feminina nos cenários políticos, técnicos e institucional, destacando a importância da representatividade de classe e o potencial do sistema sindical rural feminino na defesa do produtor rural.